Atenção: As próximas linhas desse texto devem ser lidas de
maneira especial. Todos nós, quando lemos, ouvimos uma voz imaginaria ecoar na
nossa cabeça, mas normalmente essa voz é comum e não tem nada de especial. Para
o texto a seguir, com o intuito de uma simulação fiel, necessito que você
leitor imagine que as linha a seguir estão sendo recitadas pelo narrador dos
comerciais da Sessão da Tarde na Globo.
Obrigado.
"Essa galerinha do barulho eram os maiorais na escola e
aprontavam altas confusões, mas um dia eles tinham que crescer. 20 anos depois,
já adultos, essa turma muito louca precisa esconder isso de seus filhos, mas o
problema é que esse pessoal postava suas trapalhadas na internet e agora vão se
meter em altas aventuras para conservar sua imagem e privacidade em: Bem Vindo
ao Século XXI - A Era da Exposição, na Sessão da Tarde"
Essa nossa pequena sinopse de uma epopeia do século 21 é
apenas um dos possíveis problemas que a Era da Exposição em que vivemos na atualidade
poderá nos trazer em um futuro próximo.
Alguns podem ver isso como apocalíptico, ou até mesmo
distópico, mas a verdade é que vivemos em uma sociedade que enaltece essa
constante exposição. Redes sociais como Twitter, Facebook, Foursquare e até
mesmo a famigerada Blogosfera são alguns dos exemplos de sucesso de ferramentas
de exposição pessoal na internet. A cada dia fica mais fácil monitorarmos as pessoas e saber "onde
elas estão", "com quem estão" e até mesmo" fazendo o
que", podemos ver tudo isso em apenas um clique.
"Meu Deus, nunca havia percebido isso!" é o que
alguém mais desavisado pode dizer. "Vou parar de postar fotos minhas
imediatamente e deletar tudo que eu tenho"; bem, isso é uma opção, mas não
se engane, pois nem sempre isso é o bastante. No contexto em que vivemos,
torna-se quase impossível não aparecer na rede, se antes a ambição das pessoas era aparecer na TV, hoje elas querem aparecer na internet. Todos
os dias milhares de fotos e vídeos são postados nas redes sociais e esse número
só tende a aumentar, a popularização dos computadores, celulares e
câmeras/filmadoras digitais criou um novo paradigma que alimenta essa necessidade
que temos de nos mostrar para o mundo. Mesmo mudando as configurações de
privacidade no seu Facebook ou Twitter sempre vai ter algum amigo ou conhecido
que vai postar uma foto com você, ou te marcar em uma publicação.
Dentro do universo de quem trabalha com comunicação é de
extrema importância ter isso em mente, pois esse novo paradigma é o que o
público tem procurado, esses artifícios das redes sociais cada vez mais vão se
fundir com a publicidade e se tornar parte das estratégias de grandes campanhas
de marketing.
O limiar entre público e privado se tornou uma linha muito
tênue na atualidade e mais do que nunca a história de vida pessoal de uma
pessoa se tornou um livro aberto e registrado. O que você fez ou deixou de
fazer, o que você está fazendo ou está pensando em fazer são assuntos públicos
hoje em dia, criando o que os estudiosos da comunicação vieram a chamar de
panóptico social (baseado no modelo de prisão panóptica de Jeremy Benthan em
que uma torre central observava os presos em uma prisão circular) que, ao
contrário do que foi previsto por muitos (como George Orwell em 1984) não é controlado por um poder
central (como o governo) mas por toda a população.
Prisão Panóptica de Jeremy Benthan
Não se trata mais em uma questão de se expor ou não, pois
isso já não é mais uma questão de vontade própria, mas o quanto você quer se
expor.
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